Morais é
uma freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros, distrito
de Bragança, com uma área total de 50.8 km2.
localizada na margem direita do rio Sabor e a 18 km da sede
do concelho, é composta pelos locais de Morais, Sobreda
e Paradinha de Besteiros. Fazem fronteira com Morais as freguesias
de Vinhais, Bagueixe, Talhas, Talhinhas, Lagoa, Lombo, Chacim,
Olmos e Salselas.
Morais, foi comenda da Ordem de Cristo e pertenceu ao concelho
de Izeda passando, por extinção desde 1855 devido
à reforma administrativa de Fontes Pereira de Melo,
para o de Macedo de Cavaleiros, criado 20 anos antes. Nessa
altura, Paradinha de Besteiros, actualmente um lugar de Morais,
era uma freguesia.
Da origem da aldeia que dá pelo nome de Morais pouco
se sabe pela escassez de fontes fidedignas. Contudo, e quando
se trata de saber coisas sobre as aldeias transmontanas, sobretudo
do distrito de Bragança, uma fonte inesgotável
de informação é, sem dúvida, a
monumental obra do Abade de Baçal, o Reverendo, de
seu nome Francisco Manuel Alves, que dá pela titulo
de Memórias Arqueológicas – Históricas
do Distrito de Bragança, que refere o seguinte acerca
desta freguesia:
“É solar desta família (Morais) o
lugar de Moras do distrito desta cidade (Bragança)
e em sitio deste se conserva o nome de torre e se tem achado
vestígios e alicerces que insinuam foi edifício
grande e comum e recebida tradição, sem cousa
em contrário, afirma ser este o seu solar. Os moradores
de Morais dizem que em esta torre viviam os senhores dele
e mostram um campo plano, que chamam corredoura, onde estes
fidalgos exercitavam os cavalos…”.
Esta citação foi retirada da obra referida,
volume VI – Os fidalgos.
Assim se inicia a notícia sobre a aldeia de Morais.
Segundo esta a existência da aldeia está directamente
relacionada com a vinda para esta região de uma linhagem
de sangue azul, pertencente ao Reino de Aragão, cujo
o expoente principal teria sido Estêvão Peres
deli Moral. Este era no início do século XII
(1107) alcaide ou governador de uma torre chamada del Moral
porque dentro dela havia uma moreira. Esta torre situava-se
na antiga Soria que, nesta altura era combatida pelo rei Mouro
de Toledo. Ora, este Estêvão Peres del Moral,
demonstrando bravura e coragem, teria defendido a sua torre
de um sítio levantado pelo rei Mouro durante uns longos
quatro meses alimentando-se, ele e os seus súbditos
apenas com os frutos da Moreira que dentro dela se encontrava.
Este acto valeu-lhe o cognome da torre. Mas valeu-lhe mais
quando D. Afonso I de Aragão mandou povoar a Soria
pelos anos de 1119. Vieram para esta região doze linhagens
de fidalgos cuja a principal foi a dos Morais. Esta família
defende que a sua ascendência repousa no Conde Gonçalves
Fernandes (filho do conde de Castela Fernão Gonçalves)
e de sua segunda mulher D. Sancha (filha de D. Sancho Abarca,
rei de Navarra).
Contudo, o primeiro que povoou o lugar de Morais, a que
deu o nome e o de Lagoa foi, segundo dizem Gonçalo
Rodrigues de Morais, filho de D. Rodrigo Garcês e neto
do Conde D. Garcia Garcês que casou com Maria Fortunes,
filha de Fortum Lopes, senhor de Soria da família de
Morais. Na verdade, segundo “Memórias V.VI”:
è solar desta familia o lugar de Moraes, termo de Bragança
e dele procedem as casas da principal nobreza de Tra-los-Montes
e se tem derivado as casas de primeira grandeza de Portugal
e Castella e ainda exaltado aos régios solios por D.
Leonor filha de D. Pedro de Toledo vice-rei de Nápoles
casado com D. Maria Pimentel, 3ª Marquesa de villa Franca,
filha de D. Luíz Pimentel e de D. Constansa Rodrigues
de Moraes filha de Ruy Martins de Moraes, alcaide-mor de Bragança
chefe dos Moraes, casado com D. Alda Gonçalves de Moreira.
E casou D. Leonor com cosme primeiro gran duque de Tuscana
de que procederam os mais; e destes os Reis de França,
Inglaterra, Hespanha e hoje a senhora princesa do Brazil;
os duques de Lorena, Saboya, Baviera, Parma e Mantua. ”
Portanto, segundo esta notícia é Gonçalo
Rodrigues de Morais que dá origem à família
de MORAIS. |